O
escritor Umberto Eco, no final dos seus dias, disse que a internet
deu voz aos imbecis. Acredito que isso seja verdade. Além de
imbecilidades, também temos as notícias falsas. Tudo espalhado como
a maior das verdades. Os imbecis produzem e outros, compartilham.
Asneiras como o feminismo ser culpado pelo aumento da quantidade de
gays e lésbicas no mundo, idiotices como os direitos humanos
defenderem bandidos, estupidezes como a política de cotas tirar os
direitos dos que são brancos ou, o mais ridículo, postagens de
apoio às políticas de Donald Trump, feitas por brasileiros, que
nunca conseguirão entrar nos Estados Unidos e desfrutar dos
benefícios deste belo país.
Você
poderia pensar: “Deixa esses imbecis pra lá! Manda eles à
merda e exclui do seu facebook”! Mas, quando o “imbecil” é um
aluno, ou ex-aluno seu? Que você acompanha ou acompanhou em aula,
viu seus progressos, o ajudou pensar, a chegar a suas próprias
conclusões. E, de repente, a conclusão que ele chegou é de que ele
prefere viver sob a censura de uma ditadura do que ter “sua família
morta por um vagabundo”.
A
ditadura de 1964, acabou com os “vagabundos”? Ah, os vagabundos,
esses seres sempre citados quando se quer defender um regime de
exceção, o que seria do discurso de ódio se não fossem eles?
Bolsonaro, Luís Carlos Prates, Oswaldo de Carvalho, Rogério
Mendelski, esses caras devem tanto aos vagabundos!
Normalmente,
caras como eles atacam regimes como o cubano ou o da Coréia do
Norte. Haveria que se perguntar se nesses países, com suas políticas
autoritárias, a “vagabundagem” tem vez. E, dependendo da
resposta, haveria que se perguntar se esses caras estão
interessados, então, em liberdade e democracia ou em punir os
“vagabundos”.
Bom,
o fato é que com frequência me envolvo em discussões de internet
com meus alunos e ex-alunos. Todos, muito cedo, já se consideram de
direita e anticomunistas, seja lá o que isso signifique. Numa
dessas, terminando uma conversa, onde discutimos muito, o menino me
escreve: “Sôr, vamos continuar amigos, né”? Como posso eu
tratá-lo? Como um imbecil? Como um fascista? Claro, que eu disse que
continuaríamos amigos. E o que mais eu diria? Sei que a educação é
um caminho sem fim, basta manter a cabeça aberta e você sempre
aprenderá. Segundo Paulo Freire, você só para de aprender quando
achar que já sabe tudo. Eu acredito nisso.
Sempre
fazer perguntas, e mais perguntas, quando encontrar um discurso de
ódio pela frente. Escolhi fazer meu enfrentamento dessa maneira.
Principalmente quando a fonte de reprodução desse discurso, diante
de mim, for um aluno.
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