Até agora não havia entrado nenhum relato no blog envolvendo uma menina como protagonista,
não é mesmo? Mas, agora, isso vai mudar. Senhoras e senhoras,
representando as “duronas”, a espetacular Stelaine! Nas
primeiras aulas, até me acostumar com o jeito rude dela, eu
estranhava um pouco. Depois ela se transformou na minha principal
aliada na sala de aula, pena que ela ficou pouco tempo, teve que
deixar a classe para dar à luz sua filhinha. Mas esse curto período
que a conheci já serviu pra me marcar.
Stelaine cresceu sem
os pais, parece que a mãe não tinha condições nenhuma de criá-la,
nem financeira, nem psicológica, nem nada. Sobre o pai, ninguém
tinha qualquer informação. Ela viveu fugindo de abrigos, em casas
de parentes, rodando o mundo. Até que conheceu um homem mais velho e
se casou. No ano que em foi minha aluna, ela tinha 16 anos e estava
no sétimo ano do fundamental, recém regressava aos bancos
escolares, depois de um longo período fora. Habituada já à rotina
e às responsabilidades de um adulto, ela não tinha paciência
alguma com seus colegas mais infantilizados: “Ô, filha da puta!
Não tem respeito”? Ela sempre disparava quando uma bolinha de papel
acertava sua cabeça.
Um dia, numa aula,
comentando os inícios da formação do Brasil, falei da chegada dos
portugueses e das transformações na vida dos povos nativos. Depois
de um breve debate, ela fez uma incrível síntese sobre o assunto,
que professor algum poderia fazer igual. Ela disse:“Então, quer dizer que os
portugueses foram uns baita de uns pau no cú, que vieram aqui pra
robá”?
Me pergunto se existiria uma explicação melhor para a história do Brasil.
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