quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

PRESIDENTE ANTHUR


Nessa série de relatos não poderia faltar o Anthur. O aluno mais participativo em aula que já conheci. Diagnosticado com síndrome de Asp... Aspr... um tipo de autismo. Ele tinha fixação por nomes e fatos históricos, países, capitais, etc., o que fazia da minha aula, a preferida por ele. Se fascinava pela história de qualquer nome famoso. Admirava de Getúlio Vargas a Simón Bolívar, de Stalin a John F. Kennedy.

 Adorava cantar o hino nacional brasileiro, bem como o riograndense. Bastava pedir a ele que, sem cerimônia alguma, se levantava em posição de sentido e começava a cantá-los em altos brados. Claro que os colegas faziam isso quando queriam zombar dele. E, normalmente, queriam isso o tempo todo. Era um pouco complicado fazer um debate em aula com ele. Quando eu fazia uma pergunta para a classe, ele logo queria responder. O que poderia ser bom, mas em vez de responder a pergunta, ele iniciava um discurso de político (não um discurso político, um discurso de polítco): "No meu governo...", " a corrupção do PT...", "quando eu fundar os Estados Unidos da América Latina...". Lógico todos os colegas odiavam isso e não queriam que ele falasse. O azar é que ele era o único aluno que queria participar da aula, ainda que fosse para fazer a sua campanha presidencial.
Pobre Anthur, a fascinação que ele nutria para com assuntos históricos e geográficos, era a mesma que ele tinha para com as meninas. Pena que ele era o patinho feio da escola. Sempre deprimido. Trocava duas palavras com alguma garota e já estava apaixonado. Infelizmente, nunca era correspondido. 
Ele acabou se transferindo para outra escola, naquela não havia mesmo ambiente para ele. Recentemente, pelo facebook, fiquei sabendo que ele concorreu a presidência do grêmio estudantil da sua atual escola. Pelo que entendi, não ganhou. Não dessa vez... 

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