Esqueça os
cabelos compridos e as camisetas do Che Guevara. Temos novos rebeldes
nas salas de aulas. Eles são tão críticos quanto os da geração
anterior, dão suas opiniões em sala de aula, criticam o conteúdo
do livro didático e gostam de falar sobre política. Legal, não é
mesmo? Porém, eles possuem novas referências (ou seriam velhas?).
Tenho alunos assim, são admiradores de Bolsonaro. Um deles chegou a aparecer na
escola vestindo camiseta com a estampa desse senhor. Acham, os
tolinhos, que a Dilma era comunista e que o Brasil estava prestes a
se tornar um país comunista. “O comunismo não deu certo em lugar
nenhum, sôr”! – me dizia um deles. “Nem em Cuba, nem na China,
nem na Venezuela”. Pois é, para eles, a Venezuela é um país
comunista. Festejaram quando Donald Trump venceu as eleições nos
EUA. Achavam que a Hilary Clinton era de esquerda, e a esquerda
representa o mal, na opinião deles. PT, esquerda, bandidos,
terroristas, Venezuela, Cuba, MST, PCC, Lula, Dilma, Maria do
Rosário... tudo isso faz parte de um espectro ameaçador, que é o
comunismo.
Entenderam, lá das fontes que eles consultam, que o
comunismo é um regime autoritário (não estão tão errados, se
pensarmos no bloco soviético) e que tem o objetivo de empobrecer
todo mundo. Numa conversa, um me disse, certa vez: “Esse teu
esquerdismo, sôr, só vai fazer com que os ricos fiquem pobres e os
pobres continuem pobres”. Sempre me perguntava, como garotos que
moram em um dos mais pobres bairros de Porto Alegre podem se
preocupar com a pobreza dos ricos. Me diziam: “Não pode, sôr, se
alguém é rico é porque trabalhou”!
E eu, diante
disso, não vou me posicionar? Pelo contrário, diante de pensamentos
tão bem cristalizados, eu tentava ao máximo defender o que penso. O
que devo dizer? Que com trabalho duro, você pode “vencer”?
Conhece mentira pior que essa? É certo que o bloco soviético não
me inspira confiança para defendê-lo, muito menos os anos de PT no
governo brasileiro, recheado de ataques ao povo e ao meio ambiente.
Diante desse cenário, esses jovens não canalizarão seu sentimento
de rebeldia, tão típico dessa idade, para os ícones da esquerda,
não se identificarão com eles.
Pois é, a
esquerda faz toda essa sujeira e eu, na sala de aula, tenho que
tentar limpar um pouco. Para que os rebeldes do século XXI não
tenham Bolsonaro como referência.
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